Apesar da blindagem da Globo, parece que a imagem do Conje já não é a mesma de outrora. O texto é do jornalista Fernando Brito, no Tijolaço, e a charge é do Aroeira:
A gula pecuniária de Deltan Dallagnol, já é uma certeza, derrubou o procurador e é só uma questão de tempo e de grau o seu afastamento de suas funções.
A gula política de Sérgio Moro, mais cedo ou mais tarde, também o levará à ruína e, já agora, o transformou num personagem em desagregação.
Sua maneira arbitrária e abusiva em conduzir-se na função pública, para os que não o percebiam ou fingiam não ver, por conveniência, aflorou de tal maneira neste caso Vaza Jato/hackers que o reduziu – assim mesmo a contragosto de alguns – apenas ao campo do bolsonarismo mais incondicional.
O pavão de toga agora tem pouco mais que os “pavões misteriosos” da internet.
Do futuro brilhante de potencial candidato a presidente ou a cátedra “garantida” no Supremo Tribunal Federal restam apenas saudades, talvez apenas nele próprio e nos grupos que ele reuniu em seu projeto de poder, no Ministério Público, na Justiça e na Polícia Federal.
Cevado pela mídia para construir a derrocada da esquerda, perdeu a unanimidade e só é herói nacional para os grupelhos minguantes dos camisas amarelas.
Era previsível, sendo ele a bananeira que já deu cacho – e que cacho, a prisão de Lula e a absurda eleição de Bolsonaro! – e não tem perspectivas adiante, senão a de murchar.
Moro já não é mais algo que agregue na política: um projeto de poder.
Ao contrário, virou um apêndice do bolsonarismo que pretendeu suceder.
Pior: perdeu a blindagem perdeu a capa de herói que tinha na opinião pública e na imprensa e tudo o que faz, agora, se evidencia como desespero de quem luta pela sobrevivência.
“Moro está encurralado. E homens encurralados e afoitos sempre fazem besteira. Ele está fazendo uma atrás da outra”, diz dele hoje no Painel da Folha o deputado Marcelo Ramos, do Centrão.
Moro as fez e perdeu o campo de força da quase unanimidade que o protegia.
Está sem suas vestes de herói, sem o manto que o protegia.
Não tem mais como resistir a dois ou três fatos que venham à tona, preparando o que, inevitavelmente, será o golpe de misericórdia.
Cada governo tem a trilha sonora que merece. Em plena sexta-feira, enquanto muitos brasileiros estão batalhando um emprego, o Bozo está churrasqueando e cantarolando com o Amado Batista. Deve ser por isso que ele acha que não existe fome no Brasil. A notícia é do jornal O Dia:
Amado Batista entrou nos assuntos mais comentados do Twitter neste sábado e de uma maneira nada positiva. Ao aparecer ao lado do presidente Jair Bolsonaro (PSL) cantando músicas suas e batendo papo, o cantor gerou revolta na rede social.
Em vários posts publicados por Bolsonaro em sua conta no Twitter, Amado aparece cantando canções e rasgando elogios ao presidente. O cantor disse que era uma honra tê-lo em sua casa, onde também recebeu junto o governador de Goiás Ronaldo Caiado (DEM) e outros políticos.
“Quem tem que agradecer sou eu. Nós temos a sorte de termos uma pessoa corajosa como você (…) Me sinto honrado de ter amizade sua”, Amado disse a Bolsonaro.
A Internet veio entrou em polvorosa com a cena e comentários disparados de vários usuários repudiavam a visita do presidente e chamavam o cantor de hipócrita. Enquanto isso, os fãs de Bolsonaro elogiavam os dois e atacavam quem era contra o encontro.
Abaixo, alguns comentários sobre o regabofe do Bozo:
O professor Villa fala verdades sobre o (des)governo Bolsonaro, mas continua pegando no pé do Lula, que deixou o governo com 87% de aprovação e, segundo pesquisas de opinião, é considerado o melhor presidente de todos os tempos.
Registre-se que, neste caso, a Polícia Federal não está, aparentemente, colaborando para o viés que Sérgio Moro tenta dar aos fatos. Primeiro, a PF divulgou informação sobre o depoimento do hacker, que jogou por terra as insinuações de que ele teria recebido dinheiro do jornalista Glenn.
Segundo, a PF deixou claro que não destruiria as mensagens obedecendo ordens de Sérgio Moro, mas apenas se a destruição fosse autorizada pela Justiça. Ou seja, as coisas parecem ter saído do controle do imparcial de Curitiba. A notícia sobre o editorial da Folha é do Brasil 247:
Editorial da Folha de S. Paulo deste sábado mostra perplexidade com os movimentos recentes do ministro Sergio Moro, que obteve acesso privilegiado a informação sigilosa da Polícia Federal e ainda falou em destruir provas. “Causam espanto os movimentos do ministro da Justiça, Sergio Moro, em meio às investigações dos ataques de hackers ao seu telefone celular e aos de outras autoridades”, diz otexto.
“As ações de Moro podem parecer compreensíveis para muitos, considerando os danos causados pela divulgação das mensagens à sua reputação e os indícios de que o ataque teve de fato grande alcance. Entretanto elas representam intromissão injustificável no andamento das investigações”, aponta ainda o editorial.
“Embora seja subordinada ao Ministério da Justiça, a PF tem autonomia para conduzir seus inquéritos, segue protocolos rigorosos e está sujeita a mecanismos de controle externo previstos em lei. Ao buscar informações sobre uma investigação sigilosa e usá-las para difundir conclusões prematuras e confundir o público, o ministro da Justiça desrespeita essa autonomia, prejudica o trabalho policial e compromete aquele que deveria ser seu único objetivo —o esclarecimento dos fatos.
Nosso presidente não está preocupado em criar empregos para os trabalhadores, mas em acabar com eles. Deu no Blog da Cidadania:
O presidente da República, Jair Bolsonaro, defendeu o fim das aulas práticas de direção nas autoescolas, durante transmissão ao vivo semanal nas redes sociais, realizada ontem (25).
“Eu, com 10 anos de idade, aprendi a dirigir trator na fazenda em Eldorado Paulista. E acho que nem devia ter exame de nada. Parte escrita apenas e ir para prática logo. Não tem que cursar autoescola, ter aula de um monte de coisa que já sabe o que vai acontecer. Então, deveria ter uma prova prática e uma prova escrita ali. Seria o suficiente para tirar a carteira de habilitação. Mas vamos deixar isso para um segundo momento”, disse.
A fala de Bolsonaro entrou no contexto de medidas que ele pretende tomar para diminuir o custo para tirar a Carteira Nacional de Habilitação, a exemplo do fim dos simuladores nas autoescolas. O presidente também afirmou que pretende, junto ao Congresso, acabar com a obrigatoriedade de exames médicos em clínicas conveniadas ao Detran. “No projeto nosso você pode ter esse atestado com teu irmão, com teu pai, com o vizinho ou com qualquer médico”, afirmou.
A fonte que entregou os diálogos da Operação Lava Jato ao jornalista Glenn Greenwald, fundador do site The Intercept Brasil, negou em conversa no dia 5 de junho que também tenha sido responsável pela invasão ao Telegram do Ministro da Justiça, Sergio Moro. O diálogo foi repassado a VEJA pelo próprio Greenwald.
Na mensagem, o jornalista pergunta à fonte se ela havia lido uma reportagem do jornal Folha de S.Paulo sobre a invasão ao celular do ministro. O título da matéria dizia que o hacker usou aplicativos do aparelho e trocou mensagens por seis horas. “Posso garantir que não fomos nós”, responde a fonte, em mensagem transcrita de forma literal.
“Nunca trocamos mensagens, só puxamos. Se fizéssemos isso ia ficar muito na cara”, diz a fonte em outra mensagem, antes de criticar o método de ação empregado contra o ministro. “Nós não somos ‘hackers newbies’ [amadores], a notícia não condiz com nosso modo de operar, nós acessamos telegrama com a finalidade de extrair conversas e fazer justiça, trazendo a verdade para o povo.”
egundo Greenwald, o primeiro dos contatos com a fonte ocorreu no início de maio. Ou seja, um mês antes da denúncia feita pelo Ministério da Justiça. Ele conta que foi apresentado à fonte por um intermediário, e reitera que todos os contatos foram feitos virtualmente. Greenwald também afirmou desconhecer a identidade do hacker, que teria extraído todo material do Telegram de Dallagnol.
“A fonte me disse que não pagou por esses dados e não me pediu dinheiro algum em troca desse conteúdo”, disse o jornalista. O material divulgado pelo Intercept foi compartilhado com VEJA e a Folha de S.Paulo, que também publicaram reportagens sobre os desvios de conduta do ex-juiz Sergio Moro e de membros da força-tarefa da Lava Jato na condução das investigações.
O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz, afirmou que o ministro da Justiça, Sérgio Moro, atua como “chefe de quadrilha ao dizer que sabe das conversas de autoridades que não são investigadas”.
Reação de Felipe Santa Cruz veio na esteira da revelação de que Moro telefonou para autoridades que teriam alvo dos supostos hackers presos pela Polícia Federal esta semana e informou que as mensagens obtidas seriam destruídas para que a privacidade delas fosse preservada.
“Usa o cargo, aniquila a independência da Polícia Federal e ainda banca o chefe de quadrilha ao dizer que sabe das conversas de autoridades que não são investigadas”, disse Santa Cruz, segundo a coluna da jornalista Mônica Bergamo.
Moro teria conversado sobre o assunto com o presidente Jair Bolsonaro, com o presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, além dos presidentes da Câmara e do Senado, Rodrigo Maia e Davi Alcolumbre, respectivamente.
A OAB já havia recomendado que Moro se afastasse do cargo assim que o site The Intercept divulgou mensagens trocadas por integrantes da Lava Jato que revelaram o conluio existente na operação para que fosse feita uma “investigação plena, imparcial e isenta”.
“Muitos disseram que a OAB foi açodada quando sugeriu o afastamento do ministro, exata e exclusivamente para a preservação das investigações”, completou o presidente da OAB.
Parece que o imparcial de Curitiba não quer que ninguém veja as mensagens captadas pelos tais hackers de Araraquara. Deu no Catraca Livre, do Gilberto Dimenstein:
Ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) reagiram com perplexidade a intenção do ministro Sergio Moro (Justiça) de destruir as mensagens apreendidas com “hackers” na última terça-feira, 23.
O ministro Marco Aurélio Mello foi o primeiro a se manifestar, afirmando que apenas o Judiciário tem esse poder. As informações são da jornalista Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo.
Outros magistrados vão além, destacando que somente o Supremo poderia analisar a eventual destruição de mensagens que envolvem autoridades com foro privilegiado — como o presidente Jair Bolsonaro e o próprio Moro.
Para Sergio Moro, as mensagens obtidas pelo hackeamento não teriam utilidade jurídica e, além disso, o mero exame dos conteúdos significaria uma nova violação da privacidade das vítimas.