Categoria: Música

QUARTETO DO RIO E YAMANDU COSTA – “ÚLTIMO DESEJO”

Quando saí hoje à tarde para o passeio vespertino com meus fiéis companheiros – o vira-latas Teddy e a bassezinha Sofia – ainda não tinha ideia sobre o vídeo musical que eu postaria neste sábado. Na volta, dei de cara com um vídeo postado pelo meu amigo Luiz Carlos Seixas, o Bochecha, em sua página no feicibuque.

Por sinal, o Bochecha – que mora em Ourinhos há muitos anos – esteve aqui em Jales na semana passada e me prometeu uma visita lá na Regional FM, mas acabou não dando o ar de sua graça. Certamente que ele e o seo Bernardino, o pai dele, arranjaram coisa melhor com que se ocupar.

Voltando ao vídeo postado pelo Bochecha, ele mostra o Quarteto do Rio interpretando, à capela, um dos clássicos de Noel Rosa – “Último Desejo”. Pronto! Estava resolvido: não obstante já ter postado um vídeo dessa música aqui no blog, com o Ney Matogrosso, achei que valeria a pena um repeteco com o Quarteto do Rio.

Noel Rosa morreu muito jovem, com 27 anos, e “Último Desejo”, como o próprio nome indica foi uma de suas últimas composições. Hospitalizado por conta de uma tuberculose, Noel estava desconfiado de que estava prestes a deixar este mundo cruel e resolveu homenagear a bailarina Juraci Correia de Moraes, a bela Ceci (foto acima), com quem viveu um atribulado caso de amor.

“Último Desejo” não foi a única música de Noel inspirada em Ceci. Antes, ele já tinha feito “Dama do Cabaré” para ela. Ceci não foi, porém, a única paixão de Noel, que foi apaixonado também pela tímida operária de uma fábrica de tecidos, Josefina, inspiração para “Três Apitos”. Já os versos de “Feitio de Oração” foram inspirados em Julinha, outra paixão.

Aparentemente, ele só não era apaixonado pela mulher, Lindaura, com quem se casou aos 23 anos, forçado pela mãe da moça, dez anos mais nova e grávida de um filho que não resistiu à gestação. Apesar das paixões de Noel, Lindaura permaneceu ao lado dele até que a morte os separou, em maio de 1937.

Naquela época, a tuberculose era uma doença fatal, principalmente para os boêmios e fumantes, como Noel. Em 1935, ele chegou a se afastar do Rio de Janeiro, para um tratamento. Foi para Belo Horizonte com Lindaura, onde se hospedaram na casa de uma tia, mas o tratamento não durou muito, pois logo ele se apaixonou pela noite de BH. Foi lá em Minas que ele recebeu a notícia do suicídio do pai, que se enforcou.

De volta ao Rio de Janeiro, em 1936, ele buscou outros tratamentos, mas eles eram sempre prejudicados pela sua vida boêmia. No dia 1º de maio de 1937, sobreveio uma crise fatal de hemoptise. Noel morreu na noite do dia 04 de maio, enquanto em frente à sua casa comemoravam o aniversário de uma vizinha numa festa em que tocavam suas músicas.

“Último Desejo” é uma das poucas canções em que Noel compôs letra e música, calando de vez aqueles que achavam que ele não era um bom melodista. Ele não teve tempo, porém, de ouvir a primeira versão de “Último Desejo”, gravada por Aracy de Almeida e lançada em março de 1938, quase um ano após a morte do poeta.

A versão de Aracy foi apenas a primeira de muitas. O vídeo postado pelo Seixas não é o mesmo que estou postando abaixo. Naquele, o Quarteto do Rio canta à capela, como eu já disse. Neste, os quatro rapazes cantam acompanhados pelo violão mágico de Yamandu Costa.

ALCEU VALENÇA E ORQUESTRA CORDAS DO PARANÁ – “COMO DOIS ANIMAIS”

Há quem diga que o maior sucesso de Alceu Valença seja “La Belle de Jour”, de 1992 – uma das músicas prediletas de uma ouvinte mineira do Brasil & Cia, a Lúcia, de Iturama – mas foi bem antes, com “Tropicana” e “Como Dois Animais”, ambas gravadas no disco Cavalo de Pau, de 1982, que ele conquistou a fama nacional.

A letra de “Como Dois Animais” teve duas melodias diferentes. A primeira foi em ritmo de frevo, numa melodia criada por um músico chamado Zé da Flauta, que, tocou por muitos anos no grupo que acompanhava Alceu Valença. O frevo foi gravado pela cantora Teca Calazans (ouça aqui), mas não fez sucesso. 

Anos depois, os mesmos versos – que falam de um romance improvável entre uma onça-pintada e um cachorro vagabundo – ganharam uma nova melodia, dessa vez do próprio Alceu Valença, em ritmo de toada. Puxado por “Como Dois Animais” e “Tropicana”, o disco Cavalo de Pau, que tinha apenas oito músicas, vendeu mais de meio milhão de cópias.

Muito se especula sobre o que teria inspirado Alceu a compor os versos de “Como Dois Animais”. Há alguns anos, em um show na cidade baiana de Feira de Santana, o compositor pernambucano explicou como nasceu a música.

“Há muitos anos atrás eu estava em Olinda, no Carnaval, quando vi uma moça linda, fantasiada de onça pintada. E o cara que estava com ela fantasiado de cachorro”. Mais tarde, já em casa, os versos surgiram naturalmente.

No vídeo, Alceu Valença canta “Como Dois Animais”, acompanhado pela Orquestra Cordas do Paraná, o Quarteto Iguaçu e o Coral Copel:

 

NETO E FELIPE METEM O PÉ NA ESTRADA E VISITAM RÁDIOS NO OESTE DE SÃO PAULO

A notícia é da assessora de imprensa dos rapazes, a jornalista Giana Rodrigues:

A dupla Neto & Felipe aproveitou uma brecha no planejamento de suas próximas músicas para visitar algumas emissoras de rádio da região oeste do estado de São Paulo.

Elas estão entre as 55 emissoras que abriram as portas para o primeiro single lançado por eles no rádio, com a canção “Medo de Amar”.

Em sua passagem por Lençóis Paulista, Avaré, Piraju, Ourinhos, Assis, Rancharia e Presidente Prudente até chegar em Cianorte/PR eles puderam sentir o carinho com essa canção e conhecer pessoalmente o espaço físico e as pessoas envolvidas em cada emissora.

Na volta a São Paulo eles já cumprem compromisso em estúdio nesta semana e em breve irão divulgar a data de gravação de seu novo projeto ao vivo.

MAYSA – “OUÇA”

Maysa Matarazzo era uma das cantoras prediletas do meu saudoso amigo Newton José Costa, o Bolinha do Banco do Brasil e do basquete. As outras eram a baiana Maria Creuza e a grega Nana Mouskouri. Por sinal, o Bolinha se foi, mas a amizade continua através de nossos filhos. Ricardo, um dos filhos dele é amicíssimo – quase irmão mesmo – do meu quarto filho, o Igor (Keco).

A professora Maria Margarida, a Many, esposa de outro amigo, o oftalmologista José Favaron, também deve ser fã da Maysa. Digo isso porque, por duas ou três vezes, ela já pediu músicas da Maysa lá no Brasil & Cia, o programa que apresento aos domingos na Regional FM.

Infelizmente, eu fico sempre devendo porque não tenho, no notebook que levo para a rádio, nenhuma música da Maysa cantada por ela. Tenho com outros cantores. “Ouça”, por exemplo, tem dez versões no meu computador – de Alcione a Verônica Sabino, passando por Joanna, Márcia, Nelson Gonçalves e Renata Arruda – menos com a Maysa.

Não que eu não goste da Maysa, muito pelo contrário. Quando jovem, eu tinha um “bolachão” duplo com mais de 20 músicas dela – incluindo “Franqueza” e “Resposta”, minhas preferidas – que ouvia frequentemente.

Maysa viveu apenas 40 anos e teve uma vida conturbada, marcada por muitos amores, brigas, álcool, cigarro, depressão, calmantes e tentativas de suicídio. Depois que se separou do primeiro marido, o ricaço André Matarazzo, ela passou a usar o sobrenome de solteira – Monjardim – e ficava furiosa quando alguém a chamava de Maysa Matarazzo.

Para encurtar a história, reproduzo abaixo um texto retirado do Dicionário de MPB, do jornalista e musicólogo Ricardo Cravo Albin. O detalhe é que Ricardo, como se verá ao final do texto, era a pessoa a quem Maysa iria visitar na manhã ensolarada de 22 de janeiro de 1977, quando sofreu o acidente fatal que a levou. Eis o texto:

Membro de uma rica e tradicional família do Espírito Santo, aos 18 anos casou-se com André Matarazzo – um dos herdeiros da família Matarazzo (milionários industriais paulistas descendentes do Conde Matarazzo), 20 anos mais velho do que ela. O envolvimento com a música, no entanto, veio muito antes, pois desde a adolescência já gostava de cantar em festas familiares, compor algumas músicas (aos 12 anos compôs o samba-canção “Adeus”), além de tocar piano.

Em 1956, já grávida de seu único filho, Jayme (que se tornaria o diretor de telenovelas da Rede Globo e da Rede Manchete Jayme Monjardim), conheceu o produtor Roberto Côrte- Real que, encantado com sua voz, quis contratá-la imediatamente para gravar um disco. Maysa pediu então que ele esperasse o nascimento de seu filho. Quando este completou um ano de idade, a cantora gravou o primeiro disco, lançado a 20 /11/56 pela RGE.

 Depois de dois anos de casamento, Maysa e André Matarazzo, que se opunha à carreira artística da esposa, se separaram. O fim do casamento abalou profundamente a cantora, levando-a à depressão. Mudou-se para o Rio de Janeiro, onde passou a se relacionar com a “turma da bossa nova”. Namorou o produtor Ronaldo Bôscoli. A partir dessa época, começou a ter problemas com a bebida e a se envolver em casos amorosos explorados pela mídia.

Conheceu seu segundo marido, o advogado espanhol Miguel Azanza, quando fazia uma temporada na Europa. Depois de se casar, fixou residência na Espanha. Separada de Azanza, teve relacionamento amoroso com o ator Carlos Alberto, e, depois, com o maestro Júlio Medaglia.

Em janeiro de 1977, faleceu em um trágico acidente de automóvel na ponte Rio – Niterói, aos 40 anos, quando se dirigia ao município de Maricá, onde tinha uma casa, plantada nas areias, ao lado das residências do ator Carlos Alberto e do crítico Ricardo Cravo Albin. Foi precisamente dirigindo-se à casa desse último que sofreu o desastre de carro que a vitimou, quase ao chegar à antiga capital fluminense.

No vídeo abaixo, Maysa canta “Ouça”, de sua autoria, em cena do filme “O Camelô da Rua Larga”, de 1958. Ela tinha 22 anos e estava um pouquinho acima do peso.

ZECA PAGODINHO: “NAQUELA MESA”

Eu já escrevi sobre o jornalista Sérgio Bittencourt e a música “Naquela Mesa” – que ele dedicou ao pai, Jacob do Bandolim – em um post de agosto de 2018, de modo que, considerando ainda que estou vendo uma série interminável da Netflix, vou me dispensar de escrever novamente.

Sugiro, porém, que vocês vejam AQUI o vídeo em que o Hamilton de Hollanda, nosso mais talentoso bandolinista, fala algumas coisas sobre a música “Naquela Mesa” e o relacionamento de Sérgio Bittencourt com o pai Jacob.

E, para não repetir o vídeo em que Zélia Duncan canta essa canção, acompanhada pelo Hamilton e pela Nilze Carvalho, nossa maior cavaquinista, estou postando um outro vídeo em que o Zeca Pagodinho canta “Naquela Mesa” no show “De Santo Amaro a Xerém”, que ele fez com a Maria Bethânia. Veja AQUI

KID ABELHA – “COMO EU QUERO”

Durante muito tempo, as pessoas cantaram “Debaixo dos Caracóis dos Seus Cabelos” supondo que se tratava de uma linda canção de amor, dedicada por Roberto Carlos a uma mulher. Só depois de muitos anos, se descobriu que, na verdade, Roberto escreveu essa música para o Caetano Veloso.

Consta que, em 1970, o Rei esteve em Londres para uma visita a Caetano, que se exilou por lá depois de preso por alguns meses – juntamente com Gilberto Gil – pela ditadura militar.

Roberto aproveitou para mostrar ao baiano uma música que ele tinha acabado de compor – “As curvas da Estrada de Santos” – e, ao ouvi-la, Caetano, com saudade do Brasil, se emocionou e começou a chorar. Chegando ao Brasil, Roberto compôs “Debaixo dos Caracóis” para o amigo, mas o fez de forma que a censura não percebesse a homenagem a um exilado.

Da mesma forma, a música “Como eu Quero”, do Kid Abelha foi uma das mais cantadas nos anos 80, como sendo uma música de amor. Só que não. “Como eu Quero” é, na realidade uma falsa canção de amor.

Essa música foi escrita por Paula Toller e seu então namorado, Leoni, que se inspiraram em uma história real. A personagem que inspirou a música foi a namorada do baterista Carlos Beni Borja (o segundo, na foto lá de cima), que integrava, à época, o Kid Abelha.

A namorada de Beni era uma moça muito personalista e manipuladora, que queria transformar o rapaz em uma pessoa diferente, ou seja um rascunho em arte final. Ela chegou, inclusive, a pressionar o namorado para que ele saísse da banda, pois queria que ele se tornasse um sujeito sério.

Assim, o refrão “quero você como eu quero”, que muita gente acredita ser uma linda declaração de amor, significa, na verdade outra coisa, tipo “eu quero você do jeito que eu quero e não do modo como você é”. Ou seja, significa a namorada manipuladora tentando impor sua vontade.

No livro “A Canção no Tempo”, que eu ganhei do meu ex-professor de flauta, o amigo Saulo Nunes da Silva, os autores Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello contam que “Como eu Quero” foi desprezada pelos autores e ficaria de fora do disco de 1984, não fosse uma decisão do produtor Liminha que resolveu incluí-la.

Mas, Paula Toller e Leoni contam uma história diferente. Eles dizem que Liminha não gostou do refrão da música e queira deixá-la de fora do disco. “Tivemos que bater o pé para ela entrar. Foi por insistência nossa”, conta Paula.

O fato é que a balada “Como eu Quero”, uma falsa canção de amor, foi o maior sucesso do disco. E agora que você já sabe a história da música, que tal ouvi-la sob o prisma correto. É só clicar AQUI.

DOIS INTEGRANTES DO BOCA LIVRE DEIXAM O GRUPO POR DIVERGÊNCIAS POLÍTICAS

As divergências de Zé Renato e Lourenço Baeta (os dois à esquerda) foram com o bolsonarista Maurício Maestro (último à direita). David Tygel, o quarto integrante (sentado) não é bolsonarista, mas disse que vai continuar por amor ao grupo.

A notícia é do blog do Mauro Ferreira, no G1:

Um comunicado postado pela empresária e produtora Memeca Moschkovich na noite de sábado, 16, entristeceu admiradores e seguidores do grupo carioca Boca Livre.

A nota oficial anuncia que os cantores e músicos Zé Renato e Lourenço Baeta deixam o quarteto agrupado em 1978 e que, por quatro décadas, construiu obra pautada pela harmonia vocal e pela sofisticação da MPB. Maurício Maestro, detentor da marca Boca Livre, seguirá com o grupo ao lado de Davi Tygel.

Embora o comunicado oficial omita a razão das saídas dos dois integrantes, sabe-se que o racha no quarteto aconteceu por divergências políticas. Em bom português, a polarização que divide o Brasil tem provocado rupturas no meio artístico e atinge grupo que fez história na música brasileira.

Formado originalmente por Zé Renato, Claudio Nucci (o segundo, na foto ao lado), Mauricio Maestro e David Tygel, o Boca Livre alcançou projeção nacional em 1979 com a edição de álbum independente que, desafiando as leis do mercado fonográfico, emplacou em todo o Brasil as músicas Toada (Na direção do dia) e Quem tem a viola.

Como Claudio Nucci saiu do grupo em 1980, sendo substituído por Lourenço Baeta, o Boca Livre acabou associado primordialmente ao canto afinado de Zé Renato.

Mesmo fora do olho do furacão midiático a partir da segunda metade dos anos 1980, o quarteto seguiu com público fiel e com álbuns aclamados em nichos da música brasileira, como Amizade (2013) e o recente Viola de bem querer (2019).

Embora em tese o grupo vá continuar em cena, é difícil imaginar o Boca Livre sem Zé Renato.

O Bozo é tão nocivo que conseguiu separar um grupo com mais de 40 anos de estrada. O Zé Renato e o Lourenço Baeta devem ter se enchido. Afinal, conviver com um bolsonarista não é facil.

No vídeo, o Boca Livre canta o seu maior sucesso – “Toada” – com o MPB-4, cujos componentes são todos anti-Bozo. Veja AQUI

NEY MATOGROSSO – “O MUNDO É UM MOINHO”

Nascido em 1908 e falecido em 1980, vítima de um câncer, Angenor de Oliveira, o Cartola, é considerado um de nossos maiores sambistas. Sua vida é cheia de curiosidades. Uma delas diz respeito ao seu nome.

Ele recebeu dos pais – Sebastião e Aída – o nome de Agenor, mas, por um erro, foi registrado na certidão de nascimento como Angenor, fato que ele só foi descobrir nos anos 60, quando já tinha mais de 50 anos.

Cartola descobriu o verdadeiro nome quanto teve que tratar dos papéis para seu casamento com Dona Zica. Como a burocracia para corrigir o nome já era grande naquela época, ele passou a assinar oficialmente como Angenor de Oliveira.

Angenor não teve vida fácil. Com 15 anos, em 1923, após a morte da mãe, ele abandonou os estudos e arranjou um emprego de servente de pedreiro. Para se proteger do cimento que caía de cima, passou a usar um chapéu-côco e, por conta desse chapéu, ganhou dos colegas o apelido de Cartola.

O primeiro disco de Cartola só veio em 1974, quando ele já tinha 66 anos, com clássicos como “Acontece”, “Alvorada”, “Tive Sim” e “Disfarça e Chora”. Mas o disco antológico de Cartola talvez tenha sido o segundo, lançado em 1976. Entre outras canções, o disco tinha “As Rosas Não Falam” e “Cordas de Aço” de um lado, e “Preciso me Encontrar” e “O Mundo é um Moinho” de outro.

A respeito desta última, diz a lenda que ela teria sido escrita para uma filha adotiva de Cartola, Creuza Francisca dos Santos, a moça lá de cima. Segundo a lenda, Cartola teria descoberto que Creuza estaria levando uma vida, digamos assim, muito dedicada aos prazeres mundanos.

A música, em forma de aviso sobre o que seria o mundo lá fora e o que esperar dele, teria sido uma forma encontrada por Cartola para aconselhar a filha. Na época, Creuza era uma adolescente e estava começando a se descobrir e a se interessar por relacionamentos.

Ela tinha sido adotada por Cartola e sua esposa de então, Deolinda, quando tinha apenas 5 anos. Seus pais biológicos eram amigos do casal e, com a morte da mãe de Creuza, Cartola e Deolinda ficaram com ela.

Por influência do pai adotivo, Creuza começou a cantar muito jovem, aos 14 anos chegou a fazer apresentações na Rádio Nacional do Rio de Janeiro. Por conta dessa convivência entre pai e filha, “O Mundo é Um Moinho” mostra os anseios de um pai com o futuro e as escolhas de sua filha.

No vídeo que pode ser visto aqui, “O Mundo é Um Moinho” é interpretada por Ney Matogrosso.

NANDO REIS E ANA VILELA – “LAÇOS” (EM HOMENAGEM AOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE)

A Rede D’Or lançou em novembro uma campanha para homenagear todos os profissionais da saúde que estão na linha de frente do combate ao coronavírus. A homenagem, em vídeo, traz a música “Laços” interpretada pelo ex-titã Nando Reis e pela cantora e compositora Ana Vilela. É a primeira vez que Nando e Ana – compositora do sucesso Trem Bala (2016) – cantam juntos.

 

Os versos de “Laços”, de autoria do compositor Gabriel Moura, dizem que “quem cuida com carinho de outra pessoa / se importa com alguém que nem conheceria / quem abre o coração e ama de verdade / se doa simplesmente por humanidade”, numa clara referência à missão que cabe aos trabalhadores da saúde.

 

A ideia de fazer uma música em homenagem ao pessoal da saúde foi de Luiz Calainho, sócio da gravadora Musickeria. “Tivemos a ideia de fazer essa deferência a todos os profissionais da saúde, quem vem cumprindo com afeto e maestria o exercício da medicina, e nisso incluímos desde o motorista da ambulância ao instrumentista, passando por anestesistas, enfermeiras e médicos”, explicou Calainho.

 

O compositor, Gabriel Moura, disse que recebeu a incumbência de fazer a música e em menos de duas horas ela já estava pronta. “Foi instantâneo pensar na letra da canção e na melodia. Baixou como um download. Uma hora e 40 minutos depois de receber o pedido, eu já mandei a canção pronta e gravada em voz e violão”.

 

De seu lado, Nando Reis aceitou de pronto o convite para cantar a música.

“Fico lisonjeado por ter sido convidado para dar voz a um sentimento que se não é coletivo é pelo menos das pessoas sensíveis. Eles trabalharam incessantemente e merecem ser saudados”.

 

Em entrevista Nando criticou o psicopata que ocupa o Planalto. “Não custa lembrar que essa pandemia foi minimizada, camuflada e desdenhada irresponsavelmente pelo presidente. Então, homenagear esses profissionais é justamente dar voz à sensatez, à saúde e, humildemente, agradecer aqueles que estão sofrendo e se arriscando nessa situação difícil”.

 

Ana Vilela também ficou feliz com o convite para participar da homenagem aos trabalhadores da saúde. “Quero que eles recebam essa música como o abraço que a gente não pode dar em cada um. Essas pessoas arriscam suas vidas, ficam longe das famílias, viram noites salvando outras vidas e acho muito necessário que a gente reconheça e agradeça a cada um deles por essa entrega”.

 

Dito isso, que tal vermos (e ouvirmos) o vídeo com Nando Reis e Ana Vilela? É só clicar AQUI.

 

FILHOS E NETOS DE GILBERTO GIL – “ANDAR COM FÉ”

A fim de saudar o ano novo, o cantor e compositor Gilberto Gil postou em suas redes sociais uma mensagem onde disse ter fé em “um futuro com saúde, onde possamos voltar a nos encontrar e nos abraçar”. Segundo Gil, esse é o maior desejo do mundo e o dele também.

Junto com a mensagem, Gil postou um vídeo com a música “Andar Com Fé”, nas vozes e acordes dos filhos José Gil Moreira e Bem Gil e dos netos Francisco Gadelha Gil, João Gil e Flor Gil. De acordo com o compositor baiano, o vídeo mostra “o futuro da família Gil mandando uma mensagem para o futuro do mundo”.

“Andar Com Fé” foi lançada por Gil em 1982, no disco “Um Banda Um”. A bolacha tinha ainda dois clássicos do repertório de Gil – “Drão” e “Esotérico” – além de “Menina do Sonho”, que ele compôs para a filha Preta Maria, a quarta de uma considerável prole de sete filhos, dos quais um já é falecido. Pedro Gil, que nasceu em 1970, no exílio londrino de Gil, faleceu em 1990, no Rio de Janeiro, após acidente de carro.

Há alguns dias, a revista Rolling Stone comentou pesquisa do Datafolha, na qual 75% dos entrevistados disseram preferir a democracia como regime político. O texto lamenta que 10% dos entrevistados tenham afirmado que a ditadura seria aceitável.

“Em meio à crise mundial criada pelo coronavírus e à beira de um abismo político do qual não se vê o fundo, o País ainda tenha o sistema democrático questionado”, diz a matéria, cuja conclusão lembra a importância da música de Gil nestes tempos sombrios:

“Ainda bem que temos Gilberto Gil. Ele é um bastião da liberdade e, principalmente, da fé – qualquer que seja a nossa fé”. O vídeo com os filhos e netos de Gil cantando “Andar Com Fé” pode ser visto AQUI.

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