Categoria: Música

MILTINHO (MPB4) – “ANGÉLICA”

Amanhã, segundo domingo de maio, comemora-se aqui no Brasil, o “Dia das Mães”. Em Portugal e na Espanha, a data dedicada às mães é comemorada no primeiro domingo de maio, enquanto na Argentina ela é celebrada no terceiro domingo de outubro. Há também quem comemore o “Dia das Mães” em datas fixas, como é o caso do Paraguay (15 de maio) e da Bolívia (27 de maio).  

A comemoração no segundo domingo de maio começou nos Estados Unidos, em 1914. Aqui nesta terra descoberta por Cabral, a primeira comemoração ocorreu em 1918, em Porto Alegre, e depois foi se espalhando pelo país, até que, em 1932, o então presidente Getúlio Vargas oficializou o segundo domingo como o “Dia das Mães”.

Na MPB, uma das músicas que melhor expressa o que uma mãe é capaz de fazer por um filho é a surrealista e trágica “Coração Materno”, lançada por Vicente Celestino em 1937, mesmo ano em que surgiram as imortais “Chão de Estrelas”, de Sílvio Caldas e Orestes Barbosa, e “Rosa”, do Pixinguinha, cuja letra foi escrita por um mecânico de carros, Otávio de Souza.

“Coração Materno” virou filme em 1952, com Vicente Celestino e sua mulher, Gilda de Abreu, nos papéis principais. Por sugestão de Gilda, no filme foi retirada a cena trágica da música, onde o filho arranca o coração da mãe para dá-lo de presente à namorada. Sem a cena, o filme não fez sucesso. Em 1968, Caetano Veloso regravou “Coração Materno”, no icônico disco Tropicália. E 31 anos depois, repetiu a dose em seu disco ao vivo de 1999.

Mas as mães que abandonam seus filhos também inspiraram algumas canções. Uma delas – “Cuidado Com a Outra” – escrita por Nelson Cavaquinho, foi regravada por Chico Buarque em 1974, no disco Sinal Fechado, em que ele só canta músicas de outros compositores. Mais recentemente, “Cuidado Com a Outra” foi regravada pelo Diogo Nogueira.

E há também músicas que homenageiam mães da vida real. É o caso de “Angélica”, com melodia do Miltinho, um dos componentes do MPB4, e letra de Chico Buarque. Para entender “Angélica”, é preciso conhecer a história de sua inspiradora, a estilista Zuzu Angel (Zuleika de Souza Netto), mãe da jornalista antibolsonarista Hildegard Angel.

Zuzu ficou conhecida nacional e internacionalmente por ter dedicado os seus últimos cinco anos de vida à procura do corpo do seu filho, o estudante Stuart Angel Jones, assassinado pela ditadura militar. Ela fez da busca pelo filho uma luta sem tréguas, que desafiou o regime e envolveu até autoridades dos EUA, como o senador Edward Kennedy, já que o ex-marido dela – Norman Angel Jones, pai de Stuart – era americano.

Em certa ocasião, desesperada por não achar o corpo do filho, ela tomou o microfone de uma aeromoça, durante um voo, para avisar aos passageiros que eles “desceriam no Rio de Janeiro, Brasil, país onde se torturavam e matavam jovens estudantes”.

No dia 14 de abril de 1976, exatamente cinco anos após a prisão do filho (14 de abril de 1971), a luta de Zuzu foi interrompida por um acidente de carro suspeitíssimo, que a matou instantaneamente. Uma semana antes do acidente, Zuzu passou na casa de Chico Buarque, de quem era amiga, e deixou uma carta onde dizia que “se eu aparecer morta, por acidente ou outro meio, terá sido obra dos assassinos do meu amado filho”.

O caso de Zuzu, que não conseguiu dar ao filho um sepultamento digno, não é único. Aqui mesmo, em Jales, há exatos trinta anos, a família Berbet, depois de vários anos procurando pelo corpo do estudante Ruy Carlos Vieira Berbet, assassinado pelo regime militar em 1972, providenciou um enterro simbólico em que o caixão continha apenas alguns pertences do falecido.

Dito isso, vamos à música feita por Chico e Miltinho para a Zuzu Angel:

SOBRE OS FESTIVAIS DE MÚSICA REALIZADOS EM JALES E A PARTICIPAÇÃO DA CANTORA IVÂNIA CATARINA, A IRMÃ DO VANDER LEE

Organizada pela equipe da Dominus Centro Musical, a 5ª edição da Mostra da Canção Popular (MOCAP) de Jales e região encerrou a fase de inscrições ontem, sexta-feira(29). O dado curioso é que a 5ª edição será realizada 41 anos depois da 4ª. As quatro primeiras edições da Mocap foram realizadas de 1978 a 1981, coordenadas pelo então diretor da nossa Casa de Cultura, Francisco Melfi.

Naquelas edições, o festival contou com autores e intérpretes de várias partes do país, além de músicos do primeiro time, como o pianista e maestro Amílson Godoy e os multi-instrumentistas Heraldo do Monte e Arismar do Espírito Santo, escalados para fazer os arranjos das músicas e acompanhar os intérpretes em suas apresentações.

Antes, ao final dos anos 60, nós tivemos o Festival Regional da Canção Estudantil (Ferece), que teve três ou quatro edições, organizadas pelo professor Ariovaldo Luiz de Moura.

A foto ao lado mostra um dos vencedores do festival, Luiz Carlos Seixas, que alcançou o primeiro lugar com uma música chamada, se bem me lembro, “Mulher de Malandro”, interpretada pela Leninha Baitello.

Tivemos, também, o Festival de Música “Mauro Ferraz”, criado pelo então prefeito Antonio Sanches Cardoso, o Rato. Infelizmente, o festival só teve duas edições, a primeira em 2000, último ano do mandato de Rato, e a segunda em 2004, quando Hilário Pupim era o prefeito tampão.

E foi nessa edição de 2004 que apareceu por aqui a cantora mineira Ivânia Catarina, que interpretou uma canção dela e do marido, o exímio violonista Carlos Gomes. À época, ela tinha 31 anos e viveria apenas mais onze. Ivânia era um ícone dos festivais e ganhou vários prêmios por todo o Brasil, inclusive aqui em Jales e em Ilha Solteira.

Ela era daquele tipo de cantora que não se preocupava em fazer sucesso, mas apenas e tão-somente em cantar. Eu a conheci aqui em Jales e cheguei a entrevistá-la – ela e o marido – para o meu programa na Regional FM, o Brasil & Cia. Ganhei deles um CD só com músicas dos dois, chamado “Poranduba”, palavra derivada de “pora’nduwa”, que, na língua Tupi, significa “notícia”, “informação”.

Ivânia era irmã do cantor e compositor Vander Lee (nome verdadeiro: Vanderly Catarina). E sua primeira apresentação foi ao lado do irmão. Vander Lee tocava em uma banda, em Belo Horizonte, e convidou Ivânia para cantar em uma festa infantil. Ela foi e tomou gosto pelo ofício de cantar.

Mesmo convivendo com um câncer por três anos, Ivânia não deixou de cantar. Sua última apresentação foi em um festival na cidade mineira de Barroso, um mês antes dela morrer, em agosto de 2015, aos 42 anos. Curiosamente, um ano depois, em agosto de 2016, foi a vez de Vander Lee partir para o outro lado, vítima de um aneurisma.

O vídeo abaixo mostra a participação de Ivânia no tradicional festival de música de Viña del Mar, no Chile, em 2001, onde ela ganhou o prêmio de “melhor intérprete internacional”.

ANNA RATTO E ROBERTA SÁ – “NEM SEQUER DORMI”

Um dos prezados leitores deste modesto blog sugeriu que eu escrevesse algo sobre a Roberta Sá, de quem ele – assim como eu – é um grande admirador. Neste país das cantoras, Roberta se insere entre as melhores da sua geração. E talvez devamos isso a um ex-namorado dela.

A própria Roberta já explicou, em entrevista, que foi depois de “levar um pé-na-bunda” do namorado (tem juízo um cara desses?) que ela – com 16 anos – começou a frequentar aulas de canto, levada por uma amiga. Depois de ver Roberta sem comer e chorando por quase uma semana, a amiga praticamente a obrigou a fazer alguma coisa para esquecer o namorado. E essa coisa foi cantar.

Apesar de estudar canto, ela não imaginava que se tornaria cantora. Já adulta, Roberta trabalhava como balconista e estudava jornalismo quando resolveu investir o dinheiro do 13º salário na gravação de uma fita demo com cinco músicas, que ela distribuiu em gravadoras e entre algumas pessoas do meio musical.

Uma dessas pessoas foi Ney Matogrosso, que frequentava a mesma academia que ela. Ressalte-se que Roberta não teve coragem de abordar Ney em meio aos seus exercícios. Quem o fez foi a mãe dela, que entregou uma cópia da fita ao cantor.

No dia seguinte, Ney, demonstrando que tinha ouvido a fita, elogiou as interpretações de Roberta e, ao mesmo tempo, deu alguns conselhos, mostrando onde ela poderia melhorar. A partir dali, ele passou a ser uma espécie de padrinho e conselheiro de Roberta.

Veio então o convite para ela participar do programa Fama, da Globo, o que lhe deu bastante visibilidade, não apenas pela qualidade do seu canto, mas também por causa de uma queda sofrida por ela em pleno palco que, como se diz hoje, “viralizou”.

Depois veio um convite do noveleiro Gilberto Braga para que ela gravasse uma música do Caymmi – “A Vizinha do Lado” – para a trilha sonora de uma telenovela global, “Celebridade”, exibida de outubro de 2003 a junho de 2004.

Em 2005, Roberta gravou seu primeiro CD, que teve, é claro, a participação de Ney Matogrosso, na música “Lavoura”, de autoria da Teresa Cristina. Detalhe: Teresa ainda não era conhecida como compositora e Roberta foi a primeira a gravá-la, antes mesmo da própria Teresa.

Foi assim que começou a carreira dessa cantora que nasceu em Natal(RN), em 19 de dezembro de 1980, mas, aos nove anos, se mudou para o Rio de Janeiro, em virtude do segundo casamento de sua mãe. No Rio, ela é portelense.

Eu já postei vários vídeos da Roberta aqui neste espaço e já escrevi bastante sobre ela. Hoje estou postando o vídeo com a bonita música “Nem Sequer Dormi” que, na verdade, não faz parte da discografia da Roberta Sá, mas tem a participação dela.

Explico a escolha: a Anna Ratto, que lançou essa música em 2012, foi uma das primeiras amigas que a Roberta fez no meio musical, amizade que perdura até hoje e, segundo as duas, é pra toda a vida.

 

IVONE LARA E NILZE CARVALHO – “ACREDITAR”

Hoje, 16 de abril, está fazendo quatro anos que dona Ivone Lara finou-se, após alguns dias internada em um hospital. E, se não tivesse partido para o descanso eterno, ela teria completado 100 anos na quarta-feira, 13. Ou, no mínimo, 99 anos, já que, segundo fontes confiáveis, quando a menina Ivone tinha 10 anos, já órfã de pai e mãe, uma tia acrescentou um ano a mais à sua idade, para que ela pudesse ingressar em um colégio interno, onde ficou até os 17 anos.

Não por acaso, no dia 13 de abril comemora-se o Dia da Mulher Sambista. Afinal, dona Ivone foi uma das primeiras mulheres a integrar a ala de compositores de uma escola de samba que, até uns cinquenta anos atrás era um reduto predominantemente masculino. Ou um Clube do Bolinha, por assim dizer. 

A vida para dona Ivone (Yvonne Lara da Costa) não foi nada fácil. Boa parte de sua existência foi dedicada à enfermagem e à assistência social, profissões com as quais se sustentou até a aposentadoria, em 1977.

Assim como o pedreiro Cartola – outro gênio do samba – ela só gravou o seu primeiro disco quando já tinha quase 60 anos, em 1978, embora já fosse bastante conhecida no mundo samba desde 1965, quando compôs, com Silas de Oliveira e Bacalhau, o samba-enredo da Império Serrano, o clássico “Os Cinco Bailes da História do Rio”.

Conhecida entre os sambistas, dona Ivone só teve seu talento reconhecido pela crítica e pelo grande público um pouco antes de gravar seu primeiro disco, quando Maria Bethânia e Gal Costa gravaram “Sonho Meu” para o disco “Álibi”, da primeira.

Neste ano, o Dia da Mulher Sambista foi comemorado junto com o centenário de dona Ivone Lara, em um evento musical que reuniu vários artistas, entre eles a cantora Nilze Carvalho, considerada uma grande virtuose do cavaquinho. Nilze tem trabalhos individuais e também com o grupo Sururu na Roda, do qual faz parte.

De acordo com Nilze, “dona Ivone é um norte para todas nós que amamos e vivemos do samba e da música; temos que homenageá-la sempre”. No vídeo abaixo, dona Ivone e Nilze cantam “Acreditar”, uma das joias que a grande dama do samba nos deixou.

DE VOLTA AOS FESTIVAIS: INSCRIÇÕES PARA MOSTRA DE MÚSICA – MOCAP – JÁ ESTÃO ABERTAS

Nos anos 80, a Mocap – que era coordenada pelo grande agitador cultural Chico Melfi – reuniu músicos de renome e compositores importantes, como o baiano Lúcio Barbosa, autor de “Cidadão”, aquela música que muita gente pensa ser do Zé Geraldo.

Lúcio escreveu “Cidadão” em homenagem a um tio, que era pedreiro. Além de Zé Geraldo, outro Zé – o Ramalho – também gravou essa música. A notícia é da Secretaria Municipal de Comunicação:

A 5ª Edição da Mostra da Canção Popular de Jales e região – MOCAP, está com inscrições abertas até o dia 29 de abril, através do link https://bit.ly/3KexPZ1. Artistas com mais de 18 anos podem se inscrever e devem apresentar música autoral original. É importante lembrar que, caso haja comprovação de plágio de obra já existente – letra ou melodia, a música será desclassificada.

As apresentações podem ser feitas por compositores, intérpretes, duplas, bandas, instrumentistas ou qualquer outra formação, considerando que o objetivo do festival é revelar e valorizar os artistas autorais, para que seus trabalhos sejam expostos ao público.

A MOCAP teve início em Jales no ano de 1978 e manteve a tradição até 1981. Atualmente, por meio da Federal nº 14.017/2020, conhecida como Lei Aldir Blanc, foi resgatada com o intuito de celebrar os tradicionais eventos culturais do município e fomentar a cena musical da região. A Mostra foi citada no livro “Jales Memórias e Histórias” lançado em 2013, como um grande festival que contou com participações de artistas de todos os lugares.

O evento está sendo realizado pela equipe da Dominus Centro Musical, por meio de parceria com o Governo Federal e Prefeitura de Jales. Após o prazo de inscrição, será apresentada a seleção dos finalistas, no dia 5 de maio. A última etapa, no dia 14 de maio, acontecerá no Centro Cultural Dr. Edílio Ridolfo, a partir das 19h, com apresentação dos artistas selecionados, que passarão por avaliação do corpo de júri técnico presente.

Serão premiados os três primeiros colocados e todos vão receber auxílio para lançamento da música nas redes sociais. O primeiro colocado também irá receber mentoria com profissionais da música e do setor audiovisual.

O regulamento da MOCAP pode ser acessado através do link  https://bit.ly/3DGB494 e mais informações podem ser obtidas pelo telefone (17) 99680-8441.

GILBERTO GIL, CAETANO VELOSO E IVETE SANGALO – “AMOR ATÉ O FIM”

O cantor, compositor e ex-ministro da Cultura Gilberto Gil foi empossado, na noite de sexta-feira (9/4), como novo ocupante da cadeira 20 da Academia Brasileira de Letras (ABL), sucedendo ao jornalista e advogado Murilo Melo.

Em seu discurso de posse, Gil citou alegrias e perdas ao longo da vida: “Tive grandes êxitos e alegrias nesta vida, mas também muitas tristezas, a maior e mais dolorosa, a perda do meu filho Pedro Gil. Mas não desanimo e é preciso resistir sempre. Apesar dos tempos politicamente sombrios que vivemos, aposto na esperança contra a treva física e moral”.

O agora imortal Gilberto Gil vai completar 80 anos bem vividos daqui alguns dias. Em sua longa carreira como cantor e compositor, ele já assinou 04 obras literárias e coleciona mais de 50 álbuns gravados, onde já cantou de tudo, incluindo as coisas do amor.

Afora a atual mulher, Flora Gil, com quem é casado desde 1980, Gil já foi casado com outras três mulheres e, curiosamente, compôs músicas para pelo menos duas delas, quando o casamento já estava acabando.

“Drão”, por exemplo, era o apelido da terceira mulher, Sandra Gadelha, para quem ele compôs essa belíssima canção, praticamente anunciando o rompimento. “Drão, não pense na separação, não despedace o coração…“.

Em “Amor Até o Fim”, composta em 1966, Gil diz que “o amor não tem que se acabar” e promete à sua primeira mulher, Belinda, de quem estava se separando, que, não obstante o fim do casamento, iria amá-la até o fim, ou “até que a vida em mim resolva se apagar…”. Belinda, que era quatro anos mais velha que Gil e teve duas filhas com ele, faleceu em 2019, com 81 anos.

Gil nunca gravou em disco a música que fez para Belinda, mas já a cantou em vários shows. Num desses shows, ele cantou “Amor Até o Fim” com Maria Rita, numa homenagem à mãe dela, Elis Regina, a primeira a gravar essa canção. No vídeo abaixo, ele canta com Caetano Veloso e Ivete Sangalo:

LUIZA POSSI – “TELETEMA”

Na quarta-feira à tarde, 30, fui dar uns bordejos pelo Comboio e encontrei por lá o amigo Edivaldo Paz Landim e a esposa Magali Trazzi. O Edivaldo costuma ler as coisas que escrevo sobre música aqui neste espaço e, como sei que ele é fã da cantora Evinha, resolvi mostrar um dos sucessos dela, repaginado pela Luiza Possi. 

Evinha é parte da família Correia, seguramente, uma das mais numerosas e talentosas da nossa música. Eram tantos irmãos – sete, no total – que tiveram de se dividir em dois grupos, ambos muito conhecidos: o Golden Boys, formado pelos irmãos mais velhos – Ronaldo, Roberto e Renato Correia – e o Trio Esperança, integrado por outros três irmãos – Mário, Regina e Evinha.

Marizinha, a irmã mais nova, também integrou o Trio Esperança, substituindo Evinha, quando esta partiu para a carreira solo. Nascida em um 17 de setembro (1951), Evinha cantou no Trio Esperança de 1961 até 1967, ou seja, ela começou a carreira com apenas 10 anos de idade.

Em 1968, com apenas 17 anos, defendeu a música “Cantiga por Luciana” no 4º Festival Internacional da Canção, obtendo o 1º lugar. Depois disso, passou a cantar sozinha. Em 1970, ela gravou “Teletema”, que foi o primeiro tema de novela da Globo a fazer sucesso.

O detalhe é que, na novela (Véu de Noiva, de 1969), a música era interpretada por uma cantora chamada Regininha, que não era a irmã da Evinha. A versão de Evinha só foi lançada depois da novela e acabou fazendo mais sucesso que a versão original, da Regininha.

“Teletema” foi composta pelo pianista Antonio Adolfo e o violonista Tibério Gaspar. Por sinal, Antonio Adolfo é irmão do cantor e compositor Ruy Maurity, que faleceu ontem, 1º de abril, no Rio de Janeiro. “Teletema” foi regravada por diversos artistas, entre eles Erasmo Carlos, Paula Toller e Ivo Pessoa. No vídeo abaixo, a versão de Luiza Possi:

ANAVITÓRIA – “TOCANDO EM FRENTE”

A Rede Globo começará a exibir na segunda-feira, 28, um remake da novela Pantanal, exibida originalmente pela TV Manchete, em 1990. Segundo se sabe, a nova telelágrimas não se limitará a repetir os encontros e desencontros da Juma Marruá & Cia. Estão prometendo, inclusive, novos personagens.

O tema de abertura da novela, no entanto, continuará o mesmo. Só o que muda é a interpretação. No folhetim de 1990, a música – “Pantanal”, composta pelo mineiro Marcus Viana – era interpretada pelo grupo Sagrado Coração da Terra. Desta vez, ela ganhará a voz poderosa da Abelha Rainha, Maria Bethânia.

Bethânia, por sinal, estava na trilha sonora da novela de 1990, com a então recém-lançada “Tocando em Frente”, composta por Renato Teixeira e Almir Sater. Não se sabe se a música estará presente nesta nova versão do folhetim, nem se ela terá um novo intérprete. O que se sabe é que a novela terá uma trilha sonora exclusivamente nacional.

Sabe-se, também, que Almir Sater – que atuou como ator na Pantanal da Manchete, no papel do violeiro Trindade – atuará mais uma vez como ator na versão global, interpretando outro personagem. Trindade ficará a cargo do filho dele, Gabriel Sater, também violeiro.

Mas o assunto aqui é “Tocando em Frente”. Almir Sater conta que essa música foi feita em menos de 15 minutos. Ele foi jantar na casa de Renato Teixeira e, enquanto aguardava a gororoba, resolveu pegar o violão do filho de Renato, que estava dando sopa em um canto da sala.

Apesar de o violão estar sem uma corda, Almir, do nada, começou a dedilhar uma melodia que o Renato, atento, achou bonita e, imediatamente, começou a escrever uma letra. Quando a mulher de Renato avisou que o jantar estava servido, a música já estava pronta.

Transcorridos alguns dias, Maria Bethânia – que nunca tinha conversado com Almir – ligou para ele, perguntando se o compositor de “Trem do Pantanal” não tinha alguma música que ela pudesse gravar. Almir se lembrou de “Tocando em Frente”, mas disse a Bethânia que Renato Teixeira iria gravá-la.

Maria Bethânia pediu para ouvir a música por telefone mesmo e, assim que Almir terminou de cantá-la, a baiana disse que a música era dela e que, se Renato Teixeira autorizasse, iria gravá-la. Lançada por Bethânia no álbum “25 Anos”, de 1990, a música foi incluída na trilha de Pantanal e tornou-se sucesso imediato. No ano seguinte, ganhou o Prêmio Sharp de Música, como a melhor canção de 1990.

“Tocando em Frente” já teve mais de 100 regravações, uma delas lançada há cerca de dois meses, com Renato Teixeira e Fagner e a participação de especial de Almir Sater. Mas, no vídeo abaixo, temos a versão ao vivo do duo Anavitória, que gravou “Tocando em Frente” em seu disco de estreia, em 2016. 

 

CANTORA MIRIAM MIRÀH, DO GRUPO TARANCÓN, MORRE AOS 68 ANOS EM SP

A cantora Míriam Miràh, fundadora do grupo musical Tarancón, morreu aos 68 anos na noite desta terça-feira (22), em São Paulo. A informação foi confirmada pela família em postagem nas redes sociais, mas a causa da morte não foi revelada.

Caros amigos e familiares, é com imenso pesar que informamos que nossa mãe Míriam Miràh faleceu durante a noite passada. Para aqueles que queiram ir prestar sua última homenagem, pedimos que use máscara”, disseram os familiares em comunicado no Facebook.

Míriam Miràh iniciou a carreira fazendo shows em festivais estudantis. Em 1972, ela fundou o Tarancón, grupo que ficou conhecido por reunir músicos da América Latina. Em 1985, o grupo ganhou maior projeção ao participar do Festival dos Festivais, da Globo, com a canção “Mira Ira”, de Lula Barbosa e Vanderlei de Castro.

A música ficou em segundo lugar e só foi derrotada na final pela canção “Escrito nas Estrelas” (Arnaldo Black com Carlos Rennó) defendida pela cantora Tetê Espíndola. “Verde”, de Eduardo Gudin e Costa Neto, com a Leila Pinheiro, foi a terceira colocada.

Em 2002, Míriam foi convidada a ingressar no grupo Raíces de América, fundado pelo maestro Willy Verdaguer em 1979 e que junto com o Tarancón são os dois maiores expoentes da música latino-americana no Brasil.

O vídeo com a participação do Tarancón e de Míriam no Festival dos Festivais não está com boa qualidade, de forma que estou postando outro vídeo com o áudio da canção “Mira Ira”. Ei-lo: 

LÔ BORGES – “O TREM AZUL”

Se o prezado leitor e a estimada leitora já viram as duas partes da reportagem produzida pelo jornalista jalesense Daniel Nogueira Pereira e exibida no Jornal da Band (a terceira e última parte irá ao ar neste sábado), sobre os 50 anos do Clube da Esquina, já sabe que o nome do grupo de amigos mineiros (e do disco) é uma homenagem ao ponto de encontro deles, uma esquina do bairro Santa Tereza, em Belo Horizonte.

Eu digo mineiros porque a maioria deles nasceu em Minas Gerais, mas há exceções. Milton Nascimento, por exemplo, nasceu no Rio de Janeiro, mas se criou em Três Pontas, cidade mineira que, atualmente, possui cerca de 57.000 habitantes.

Outra exceção é o jornalista, produtor musical e compositor Ronaldo Bastos, um dos idealizadores do Clube da Esquina, que nasceu em Niterói (RJ) e conheceu o pessoal de Minas Gerais através de Milton Nascimento, com quem compôs Três Pontas”, “Fé Cega, Faca Amolada” e outras ainda no período pré-Clube da Esquina.

Enquanto Milton e Lô Borges se incumbiam de compor as melodias, Ronaldo Bastos, Fernando Brant e Márcio Borges cuidavam de escrever as letras. O Trem Azul” foi uma das parcerias do Ronaldo Bastos (com Lô Borges) para o disco Clube da Esquina, lançado em março de 1972, com 21 músicas. 

Na letra de “O Trem Azul”, Ronaldo Bastos compara a vida e a viagem como passageiro de um trem, sempre em direção à próxima e nova estação, com suas promessas de momentos mais felizes e a esperança nos bons encontros que a próxima estação trará. Essa canção foi gravada também pela Elis Regina.

Bastos destacou-se ainda como versionista, pela autoria de “Nada Mais” (versão de “Lately”, de Steve Wonder, gravada por Gal Costa) e “Quando te Vi” (versão de “Till There Was You”, de Lennon e McCartney, registrada por Beto Guedes).

Ele é autor, ainda, dos versos de “Chuva de Prata”, “Amor de Índio”, “Um Certo Alguém”, “Seguindo no Trem Azul”, “Sorte” e “Todo Azul do Mar”, entre outras canções. 

No vídeo, Lô Borges canta “O Trem Azul”:

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