Categoria: Música

BANDA BLUYUS – “VOTE EM MIM”

Naquele mesmo ano em que os jogadores corintianos convocavam o povo a votar, Rita Lee lançou a música “Vote em Mim”. A música foi lançada duas vezes: primeiro em um compacto simples, que tinha a mesma música dos dois lados, para divulgação das rádios.

Depois no LP “Flagra”, também de 1982, que, além de “Vote em Mim” e “Flagra”, tinha outras músicas que se tornaram bastante conhecidas como “Só de Você” e “Cor-de-Rosa Choque”.

Antes, porém, de conseguir lançar “Vote em Mim”, Rita Lee teve que enfrentar a censura da ditadura militar. O motivo: bem no finalzinho da música, Rita diz uma frase que os censores não gostaram. A frase? “Abaixo a repressão!”.

Os vídeos com Rita Lee cantando “Vote em Mim” não estão com boa qualidade, de modo que estou postando um vídeo da banda Bluyus. Se você preferir ouvir a Rita Lee, é só clicar aqui

MARIA BETHÂNIA – “VOLTA POR CIMA”

Ainda nos anos 80 espalhou-se o boato de que “Volta por Cima”, lançada em 1962 pelo cantor Noite Ilustrada, tinha alguma coisa a ver com a morte do filho do autor da música, o compositor Paulo Vanzolini (foto).

Todo boato tem um fundo de verdade, já dizia o samba cantado pela Ademilde Fonseca, mas nesse caso, a menos que Vanzolini tivesse o dom da premonição, o boato era mentiroso, já que o filho do compositor morreu alguns anos depois do lançamento da música.

A letra, nem de longe menciona alguma coisa sobre o filho de Vanzolini. Na verdade, ela fala do final triste de um romance e a disposição do homem para não deixar se abater e, ao contrário, dar a volta por cima. Ou seja, se recuperar e seguir em frente.

Nascido em 1924, Paulo Vanzolini descobriu sua vocação – o estudo dos répteis – ainda aos dez anos, após uma visita ao Instituto Butantã. Ele formou-se em Medicina, mas nunca exerceu a profissão. Fez mestrado em zoologia pela Universidade de Harvard e foi diretor do Museu de Zoologia da USP, onde trabalhou durante mais de 50 anos. Recebeu prêmios e distinções por seu trabalho científico.

Vanzolini não tocava nenhum instrumento e não tinha grandes conhecimentos musicais, mas, mesmo assim, conquistou seu nome na história da música popular brasileira, com canções antológicas como “Ronda” e “Volta por Cima”, além de outras menos conhecidas, como “Praça Clóvis”, “Boca da Noite” e “Cuitelinho”.

Depois de compor “Volta por Cima”, ele a ofereceu para alguns cantores, que não se interessaram em gravá-la. Noite Ilustrada (nome verdadeiro: Mário de Souza Marques Filho) incluiu a música entre as que ele cantava em uma boate paulistana e, depois de algumas apresentações, notou que, quando cantava “Volta por Cima”, os frequentadores cantavam junto.

Noite Ilustrada decidiu, então, gravá-la. O detalhe curioso é que, nessa época, Vanzolini estava embrenhado em uma viagem pela Amazônia. Quando ele voltou a São Paulo, surpreendeu-se com seu samba tocando nas rádios e disputando os primeiros lugares nas paradas de sucesso.

O prezado leitor e a estimada leitora podem estar se perguntando por que o nome artístico de Noite Ilustrada? É simples: em um show que ele fez em uma cidade mineira, o apresentador esqueceu seu nome e, ao ver uma revista chamada Noite Ilustrada no bolso do artista, ele não titubeou. “Com vocês, a grande revelação Noite Ilustrada….”. O apelido pegou de tal forma que até a mulher do sambista, dona Denise, o chamava de Noite.

“Volta por Cima” foi regravada por diversos cantores e cantoras, Maria Bethânia entre eles:

PEDRO MAHAL – “TELEFONE”

No dia 7 de março de 1876, o cientista e inventor britânico Alexander Graham Bell e seu auxiliar Thomas Watson patentearam uma invenção que revolucionou o mundo em que vivemos para sempre: o telefone.

Já a primeira ligação por telefone da história ocorreu três dias depois, em 10 de março de 1876. Graham Bell, do último andar de um prédio em Boston, nos Estados Unidos, ligou para o térreo desse mesmo prédio, onde Watson atendeu.

Começava aí a história das telecomunicações, que iria revolucionar o mundo dali em diante. Existem registros da invenção do telefone ter acontecido ainda antes disso, em 1860, pelo italiano Antonio Meucci, mas o aparelho só foi patenteado mesmo por Graham Bell em 1876.

Esse aparelhinho já inspirou algumas músicas aqui nesta terra descoberta por Cabral e sua caravana de bravos portugueses. É o caso do primeiro samba gravado no Brasil – “Pelo Telefone” – composto por Donga e Mauro de Almeida, em 1916.

Setenta anos depois, em 1986, os compositores Nelson Kaê e Beto Correia escreveram “Telefone”, onde o pequeno aparelho é utilizado para terminar um romance. Gravada por Tim Maia ainda naquele ano, tornou-se um grande sucesso no rádio.

Transcorridos mais 36 anos, “Telefone”, que já foi regravada pela Sandra de Sá, ganhou uma nova releitura, dessa vez do cantor e compositor Pedro Mahal. “Pedro quem?”, haverá de perguntar o prezado leitor ou a estimada leitora.  

Se você está entre os que não o conhecem, não se preocupe. Eu mesmo só tomei conhecimento da existência do moçoilo na semana passada, quando ouvi um comentário elogioso sobre ele, feito pelo jornalista político Reinaldo Azevedo, na Band News.

Depois de ouvir o Tio Rei, corri ao Youtube para ver o que encontrava do Pedro Mahal. Encontrei ele cantando “Telefone”, em belíssima versão. Nascido e criado no Rio de Janeiro, Pedro tem apenas 25 anos e foi uma das atrações do Rock in Rio deste ano.

ERASMO CARLOS – “GATINHA MANHOSA”

A música “Gatinha Manhosa”, uma balada roqueira, foi composta pela dupla Roberto e Erasmo Carlos em 1965 e, segundo se diz desde aquela época, teria sido inspirada em uma namorada do Erasmo, algo que ele nunca confirmou oficialmente.

A primeira gravação, curiosamente, não foi do Erasmo, mas do grupo Renato e Seus Blue Caps, do qual o Tremendão tinha feito parte dois anos antes. Um dos sucessos do disco de 1963 do grupo foi “Lobo Mau”, que tinha Erasmo Carlos nos vocais.

Renato e seus chapéus azuis gravaram “Gatinha Manhosa” no LP “Viva a Juventude”, de 1965, mas a música acabou passando meio que despercebida, já que o grande sucesso do disco foi “Menina Linda”, uma versão de “I Should Have Known Better”, dos Beatles.

Somente no ano seguinte foi que Erasmo, já em carreira solo, incluiu “Gatinha Manhosa” em seu segundo LP, chamado “Você me Acende”, e aí sim a música se transformou em um estrondoso sucesso. À época, Erasmo era um dos apresentadores do programa Jovem Guarda, o que colaborou para o sucesso da música.

No final dos anos 80, mais especificamente em 1988, o roqueiro Leo Jaime incluiu uma regravação de “Gatinha Manhosa” em seu disco “Direto do meu coração pro seu”. À época, Leo foi criticado pois, segundo seus críticos, ele estaria se desviando de sua trajetória roqueira. O fato é que a versão dele fez muito sucesso e se tornou obrigatória em seus shows.

Quarenta e quatro anos após o lançamento da música e vinte e um anos depois da gravação de Leo Jaime, foi a vez da cantora e compositora Adriana Calcanhotto fazer, em 2009, uma releitura de “Gatinha Manhosa”, em homenagem à sua gatinha, chamada Ming. A música foi gravada no CD “Partimpim Dois”, em que Calcanhotto assume a personagem infantil Adriana Partimpim.

No vídeo abaixo, uma versão ao vivo de Erasmo Carlos:

PÚBLICO DO ROCK IN RIO RECEBE ISENTONA ELBA RAMALHO AOS GRITOS DE “FORA BOLSONARO”

Deu no portal Notícias da TV:

O público do Rock in Rio recebeu Elba Ramalho aos gritos de “Fora Bolsonaro” e “Ei, Bolsonaro, vai tomar no cu” nesta sexta (9). A situação rendeu comentários nas redes sociais, já que, em junho deste ano, a artista declarou ser contra manifestações políticas em seus shows.

“Que momento! A isentona Elba Ramalho é recebida a gritos de ‘Ei, Broxonaro, vai tomar no cu’! Ficou visivelmente sem graça! Quero mais”, escreveu a internauta Jô Santana por meio do Twitter. “Que linda a recepção de Elba Ramalho”, ironizou o usuário Itallo Lopes.

A reação do público aconteceu, principalmente, pelo fato de a artista de 71 anos ser contra manifestações políticas em espaços de cultura. Em junho, um vídeo no qual ela reclamava de um coro por Luiz Inácio Lula da Silva (PT) viralizou nas redes sociais.

Em um show, diante dos gritos de reprovação a Jair Bolsonaro, Elba perdeu a paciência. “Não, não quero fazer política. Desculpa. Isso aqui é um show de São João, não é um comício. Mas tudo bem”, reclamou a cantora.

Depois, a plateia começou a cantar, ainda mais forte, “Olê, olê, olê, olá. Lula, Lula”. Ela decidiu então esperar pelo fim dos gritos, pois não seguiria com eles ao fundo da apresentação.

“Estou esperando. A plateia está se manifestando, como a gente vive em um país democrático, a gente tem que deixar se manifestar. Cada um tem o presidente que merece, isso é um fato”, disparou ela.

CHICO CÉSAR – “SOBRADINHO”

Escrita pelos compositores Sá e Guarabyra em 1977, a música “Sobradinho” tinha como objetivo protestar contra a construção da Usina Hidroelétrica de Sobradinho, no interior da Bahia. Era época da ditadura militar e a usina estava sendo construída meio que escondida.

A dupla ficou sabendo da construção através do pai de Guarabyra, que morava no sertão da Bahia. Eles usaram como mote uma suposta profecia do beato Antonio Conselheiro (nome verdadeiro: Antonio Vicente Mendes Maciel), líder religioso cearense que viveu entre 1930 e 1897 e foi um dos principais personagens da Guerra de Canudos.

Em certa ocasião, Conselheiro teria dito que “o sertão ia virar mar”, frase que foi aproveitada na canção de Sá e Guarabyra. O foco da música, no entanto, era contar o drama da população que estava sendo expulsa da região que seria alagada pela usina.

Cidades como Remanso, Casa Nova, Pilão Arcado e Sento-Sé, citadas na música, tiveram que mudar de endereço para o surgimento da usina. Mesma situação vivenciada, mais ou menos na mesma época, pela nossa quase vizinha Rubinéia, inundada pelas águas da usina de Ilha Solteira.

“Sobradinho” voltou a ser assunto há cerca de um mês, depois de ser escolhida como tema de abertura da nova novela global das 18 horas. Dessa vez, a música – que já mereceu uma bonita releitura do Biquina Cavadão – ganhou uma bela interpretação do Chico César. É essa versão que poder ser ouvida abaixo:

AS GALVÃO – “BEIJINHO DOCE”

Reproduzo parcialmente, como homenagem a Marilene Galvão (à esquerda na foto acima), texto do jornalista e crítico musical Mauro Ferreira, do G1

Em dezembro de 2020, o festival Vozes da melhor idade – produzido e dirigido por Thiago Marques Luiz – promoveu o último encontro em cena das irmãs que formaram a dupla sertaneja As Galvão.

Foi a derradeira aparição pública de Marilene Galvão (27 de abril de 1942 – 24 de agosto de 2022), cantora e instrumentista – hábil no manuseio da viola e do violão – de grande importância no Brasil sertanejo.

Seis meses depois, em junho de 2021, Mary Galvão anunciou oficialmente o fim da pioneira dupla. Quarta-feira, 24, às 14h30m, ocorreu a definitiva saída de cena de Marilene, morta aos 80 anos em hospital da cidade de São Paulo, em decorrência de complicações derivadas do mal de Alzheimer.

Quando as Irmãs Galvão entraram em cena, em 1947, mulheres não compunham e davam voz às próprias músicas no mercado sertanejo. Até porque quase não havia mulheres cantoras nesse gênero originalmente ruralista que começou a brotar oficialmente em 1929.

Antes das Irmãs Galvão, havia somente as Irmãs Castro, intérpretes originais de Beijinho doce (Nhô Pai, 1945), o standart caipira que ficou associado às vozes das Galvão na história da música brasileira.

Mary Galvão nasceu em Ourinhos (SP) em 1940. Marilene veio ao mundo dois anos depois em Palmital (SP). Mas a dupla foi criada em Sapesal (SP) em julho de 1947. E foi numa quarta cidade do interior de São Paulo, Paraguaçu Paulista (SP), que as irmãs entraram em cena pela primeira vez em emissora local de rádio, ainda crianças.

De rádio em rádio, as Irmãs Galvão chegaram ao disco. Em 1955, contratada pela gravadora RCA-Victor, a dupla gravou single de 78 rotações com as músicas Carinha de anjo e Rincão Guarani.

Repleta de toadas, modas de viola e rasqueados, a discografia das Irmãs Galvão seguiu regular até o fim dos anos 1980, década em que as irmãs emplacaram o sucesso No calor dos teus abraços (1975), de Cecílio Nena e Nicéas Dumont.

Presas a um passado glorioso, as Galvão festejaram em 2017 sete décadas em cena com os lançamentos do DVD Soberanas – 70 anos ao vivo e do documentário Eu e minha irmã – A trajetória das Irmãs Galvão, dirigido por Thiago Rosente.

Ambos eternizam a história de dupla que fica perpetuada na memória afetiva sertaneja, mesmo desfeita definitivamente ontem com a morte de Marilene Galvão, pioneira voz feminina que, de acordo com os códigos e as leis do mercado da época da artista, cantou a sofrência e também a doçura do Brasil rural.

IPEC: LULA LIDERA NO PIAUÍ COM 69% DAS INTENÇÕES DE VOTO

Deu no portal da Fórum:

Pesquisa Ipec (antigo Ibope) divulgada nesta segunda-feira (22) revela que o ex-presidente Lula (PT) lidera nas intenções de votos entre os eleitores do Piauí. De acordo com o levantamento, Lula tem 69% das intenções de votos contra 15% do presidente Jair Bolsonaro (PL).

Essa é a primeira pesquisa de intenção de votos à presidência da República feita com os eleitores do Piauí: Ciro Gomes (PDT) aparece com 7%; Pablo Marçal (Pros) e Simone Tebet (MDB) aparecem ambos com 1%. 

A pesquisa ouviu 800 pessoas entre os dias 19 e 21 de agosto em 38 municípios do estado do Piauí. A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou menos.

MARISA MONTE – “O QUE ME IMPORTA”

Os mais jovens acham que essa música foi lançada pela Marisa Monte, mas não é bem assim. Gravada por Marisa no CD “Memórias, crônicas e declarações de amor”, de 2000, “O Que Me Importa” surgiu quase 30 anos antes.

A versão original, lançada em 1971, é de uma cantora chamada Adriana, que surgiu em 1969 com o sucesso “Vesti Azul”. Adriana teve algum cartaz no período pós-jovem guarda e depois sumiu. 

Mas a versão mais conhecida de “O Que Me Importa” é a do Tim Maia, gravada em 1972. Tim conheceu a música antes da gravação de Adriana e se interessou por ela. Numa madrugada, Tim resolveu acordar o compositor da canção, chamado simplesmente de Cury, para avisar que ele tinha interesse em gravar a música.

Irritado por ter sido acordado no meio da noite, Cury disse que a música já tinha sido entregue a Adriana, mas Tim não se deu por vencido. Ele garantiu a Cury que esperaria Adriana – de quem Tim era amigo – lançar a música e só a gravaria um ano depois do lançamento. E assim foi feito.

Quando se interessou por gravar “O Que Me Importa”, Marisa Monte procurou mais informações sobre o compositor, pouquíssimo conhecido. E foi o próprio Cury que, sabendo através da imprensa sobre o interesse de Marisa, se apresentou mandando um e-mail para o escritório dela.

José de Ribamar Cury Heluy, descendente de árabes, é filho de pai maranhense e mãe piauiense e nasceu em Parnaíba (cidade que rivaliza com Jales na produção de uvas), na fronteira entre os dois estados. Ele chegou ao Rio com 17 anos, em 1963, para trabalhar no Banco do Brasil. Sua música mais famosa acabou sendo mesmo “O Que Me Importa”.

Vamos ao vídeo:

RENATO TEIXEIRA E CHICO TEIXEIRA – “AMIZADE SINCERA”

Eu já postei um vídeo com essa música em 2014, em versão do show “Amizade Sincera”, protagonizado pelo Renato Teixeira e o Sérgio Reis que, além de vizinhos, são amigos há muito tempo.

Creio, porém, que vale o repeteco, já que nesta nova versão lançada exatamente há três meses, no dia 13 de maio, Renato canta com o filho Chico Teixeira, o que acho apropriado, em função do Dia dos Pais que ocorre nesse domingo, 14.

Composta por Renato, “Amizade Sincera” foi apresentada originalmente no festival MPB-Shell de 1981, da Rede Globo. Interpretada por Renato Teixeira e Dominguinhos, a canção chegou até a final do festival com outras 19 músicas, entre elas “Estrelas”, do Oswaldo Montenegro, que ressurgiu recentemente em nova versão, com Oswaldo e a atriz e cantora Clarissa Müller.

“Amizade Sincera” acabou não se classificando entre as três vencedoras. A vencedora foi a música “Purpurina”, interpretada pela Lucinha Lins, que levou uma das maiores vaias da história dos festivais. O público preferia “Planeta Água”, do Guilherme Arantes, a segunda colocada. O terceiro lugar ficou com “Mordomia”, interpretada pelo Almir Guineto.

Um detalhe curioso do festival: durante a apresentação de Renato e Dominguinhos, cantando “Amizade Sincera”, uma canção fraterna que celebra a amizade, estourou o maior quebra-pau na plateia. Abaixo, o vídeo:

1 4 5 6 7 8 62